quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Entrevista com o Fotógrafo Ricardo Almeida

Por: Fernanda França
Colaboração: Jener Tonasso
Fotos: Arquivo Pessoal


Sendo um dos fotógrafos mais considerados em seu meio, Ricardo Almeida, com os seus  44 anos bem vividos, conta a Ala Boemia da Corte, o prazer que tem em seguir a sua profissão e a ligação da fotografia com o Carnaval.



Ala Boemia da Corte: Quando você teve o primeiro contato com uma máquina fotográfica?
Ricardo Almeida: Quando tinha uns 10, 12 anos, ganhei de meus pais uma máquina fotográfica. Uma Kodak Instamatic que o flash era aquele de cubinho para quatro disparos apenas. Confesso que na época era mais curiosidade e vontade de fazer fotos iguais as que via nas páginas de revista e jornais, mas com a óbvia limitação do equipamento, acabei me desinteressando. Quando do nascimento de meus filhos, há 25 anos, voltei a me interessar e comprei uma Canon, mais moderna, com avanço de filme automático e flash embutido. De lá pra cá, a fotografia está presente em minha vida, e há nove anos mais efetivamente.


 Ala: Quem o incentivou?
 Ricardo: Sempre os pais incentivam, seja em qual situação for, mas além deles, tive um grande amigo que era vidrado em fotografia na minha adolescência, e que acabou se tornando fotógrafo. Acho que ele foi um dos responsáveis também.

Ala: Você fez cursos? Quais? 
Ricardo: Sou um autodidata nato, mas passo o ano participando de workshops e me afundando em livros especializados


Ricardo Almeida com a sua inseparável máquina fotográfica
Ala: Você tem algum tipo de inspiração para tirar fotos? 
Ricardo: A fotografia tem, na minha opinião, que transmitir sentimentos. E é isso que tento captar através de minhas lentes. Emoção, alegria, prazer, tudo isso fica registrado lá. Você pode pegar uma foto de cinquenta anos que ela vai te passar algum tipo de sentimento.


Ala: Que tipo de arte ou artista que mais admira? 
Ricardo: Amo música, especialmente a instrumental. O motivo é igual ao da fotografia: Não tem ninguém cantando nada, não tem letra, apenas os instrumentos e melodia. E ainda assim consegue transmitir sentimento. É tudo.


Ala: Qual o trabalho fotográfico que você mais admira e tem o prazer de realizar? 
Ricardo: Gosto de muita coisa na fotografia. Além do carnaval, trabalho no ramo de petróleo e realizo fotos sensuais e nú artístico. O carnaval é uma paixão que não tem explicação, mas o que me dá prazer mesmo são fotos sensuais e de nú. Esse tipo de fotografia exige muito do profissional, que tem que estar sempre muito concentrado na luz, posição, expressão, tudo pra não fazer com que a pessoa que está posando pra você não fique vulgar. Você tem que sair do lugar comum e procurar ângulos que favoreçam a pessoa, faça ela se sentir bonita. É a realização de um sonho pra quem está te pagando pra isso, e o fotógrafo tem que entender isso e deixar a pessoa o mais relaxada possível.


Ala:Quais foram os benefícios que trouxeram a você com a chegada da máquina digital?
Ricardo: A era digital mudou tudo. Tecnicamente falando, as máquinas digitais avançaram muito. No início, eram caras e com uma qualidade muito baixa. Hoje, com sensores maiores, a história é outra. Os benefícios são enormes. A primeira que vejo é a popularização novamente da fotografia. Qualquer pessoa hoje tem uma máquina digital. Se não, o próprio telefone celular tira foto. Termos como ISO, abertura de obturador ou balanço de branco já não são bicho de sete cabeças. E todo mundo usa a fotografia. As pessoas se relacionam com a fotografia, haja vista os sites de relacionamento como Facebook e Orkut, só pra citar. Isso só foi possível com as máquinas digitais e a internet. Para nós profissionais, o avanço foi sem precedentes. Poder fazer a foto e ver o resultado na hora agilizou o trabalho, ajudado pelos programas de edição que praticamente consertam qualquer coisa, enfim. A máquina digital veio pra ficar.


Ala: Quais são os materiais que você utiliza atualmente para tirar fotos?
Ricardo: Como no futebol, que escolhemos um time, na fotografia há preferências de equipamentos. O mercado profissional é dominado por duas marcas, Canon e Nikon. Eu sou usuário da Nikon. Gosto do equipamento, é rápido, tem menus interativos de fácil acesso, e as cores registradas são bem mais reais, fortes. E suas lentes são reconhecidamente as melhores do mercado. Então, o meu "set" é 100% Nikon.


 Ala: Que tipo de foto é mais difícil de ser registrada?
 Ricardo: No carnaval, no desfile oficial, o ritmo é frenético. Primeiro, temos que nos acostumar com os seguranças, que nos empurram até o setor 5, e só a partir dali é que podemos fotografar com mais liberdade. Com isso, temos menos tempo, porque a escola já está na avenida. Por isso, a concentração tem que ser redobrada. Uso os ensaios técnicos para estudar cada comissão de frente e casais de mestre-sala e porta-bandeira, todos os seus movimentos eu fotografo. Com isso, no dia do desfile, eu sei exatamente o que eles iram realizar, ou boa parte disso, facilitando o trabalho e me dando mais tempo pra fotografar alas e alegorias. Acho que todo o trabalho é de muita responsabilidade, porque é igual casamento, é só uma vez e não dá pra pedir pra fazer de novo.

Ala: O que o carnaval representa para você fotograficamente? 
Ricardo: É uma escola. Aprendi muita coisa ali com outros profissionais, vendo eles trabalharem, e formando meu próprio olhar. Hoje, tenho uma marca. Muita gente reconhece uma foto minha sem que meu nome apareça. Isso é gratificante e quando você vira uma referência, você tem sempre que se superar. Então é por isso que o carnaval é uma escola pra mim.


Ala: Qual foi a foto mais marcante que você tirou no Sambódromo Carioca?
Ricardo:Tenho em meus arquivos mais de trinta mil fotos de carnaval. Fotos marcantes, tenho muitas, então, elejo duas do ano passado: Uma da ala das baianas da Unidos de Padre Miguel, feita em baixa velocidade, e uma da Selminha Sorriso. Até ela me deu os parabéns.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira do Império Serrano em 2010
Ala: Qual foi a foto mais bacana que registrou no Império Serrano? 
Ricardo: Também no ano passado, fiz uma do casal de mestre-sala e porta-bandeira no setor 3 em baixa velocidade, que ficou sensacional.
      

Ala: Quais as dicas que você deixa para os que queiram seguir a sua profissão?
Ricardo: Diz o ditado: "Quem não tem competência não se estabelece". Pode parecer arrogante, mas é a pura verdade. Se você fotografa porque acha legal, pra postar fotos nos sites de relacionamento, decididamente a fotografia não é seu ramo. Infelizmente vejo muita gente "se achando" na Sapucaí com uma máquina na mão, achando que é fácil. Não é bem assim. Tem que ter dedicação, estudo, estudo e estudo. E mais ainda: Tem que ter olhar. Olhar é fundamental. O equipamento por si só não faz tudo, senão minha esposa seria uma fotógrafa também. É uma profissão concorrida, onde os resultados muitas vezes demoram pra vir. Estou no carnaval desde 2005 e só agora veio o reconhecimento. Olhe muitas fotos, de vários ângulos. Tente entender o que o fotógrafo quis fazer, que lente ele usou. Só assim você vai começar a entender a fotografia profissionalmente. E seja humilde, acima de tudo. Humildade é uma virtude. Então, pra todos aqueles que queiram seguir a profissão, que reflitam nessas palavras, e que se olhem no espelho e vejam ali um bom profissional.

Ala: Quais são os seus projetos para 2011?
Ricardo: Finalmente este ano estou inaugurando meu estúdio, onde vou poder experimentar novas tendências e novos rumos. Poder realizar trabalhos mais conceituais, enfim, ampliar meus horizontes.

 Ala: Você tem algum site para que as pessoas possam admirar a sua arte de fotografar?
Ricardo:Tenho meu site pessoal: www.studioricardoalmeida.com.br. Lá eu coloco um pouco do meu trabalho. E especificamente do carnaval, tenho o tradição do samba www.tradicaodosamba.com.br, que tento deixar atualizado o máximo possível.

Ala: Você poderia deixar um recado para os admirados do Samba e para os componentes da Ala Boemia da Corte?
 Ricardo:  Família Imperiana: Admiro demais esta escola, e acho que o grupo especial sem o Império Serrano não fica completo. Então, entrem na avenida mordendo o asfalto, e mostrando pra todo mundo que o Império Serrano é tradição, e tem samba de verdade. Sorte pra vocês!!


Um comentário:

  1. escandalo!!!Quero ver minha foto quase caindo na Tuiuti.beijin Samile Cunha.

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